Pesquisador sergipano estuda uso de membranas para tratar câncer de pele 3p13u
Aluno de doutorado da Unit participa de um projeto conjunto com a UFS e com universidades da Espanha e da Irlanda; o estudo abre a possibilidade de tratamentos mais íveis e menos invasivos

Um projeto realizado por pesquisadores da Universidade Tiradentes (Unit), em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e duas universidades estrangeiras, está investigando o desenvolvimento de membranas que podem ser utilizadas no tratamento contra o câncer de pele. O estudo internacional, coordenado pela professora e pesquisadora Patrícia Severino, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI/Unit), tem parte de seus trabalhos realizada na Faculdade de Farmácia da Universidad de Granada (UGR), em Granada (Espanha), com a participação do pesquisador Pedro Ellison Santos do Nascimento, aluno de doutorado do PBI/Unit.
O projeto vincula-se à linha de “Pospecção e conversão de produtos vegetais” do programa, pois utiliza produtos naturais para o desenvolvimento de terapias alternativas para o câncer de pele. Ele foi aprovado em uma chamada pública internacional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), aberta para apoiar projetos internacionais de pesquisa científica, tecnológica e de inovação. Além da Unit, da UFS e da UGR, ela também tem a participação de pesquisadores da University of Dublin, em Dublin (Irlanda).
A pesquisa está em sua etapa inicial, com foco no processo de produção das membranas e incorporação do princípio ativo. Em Granada, Pedro Ellison trabalha diretamente com o desenvolvimento da produção de uma membrana através da técnica de layer-by-layer, que consiste na formação de nanofilmes na superfície de membrana. “Por meio dessa técnica é possível aprisionar princípios ativos e assim realizar a entrega controlada de fármacos. Outro fator importante desse trabalho é o direcionamento que vamos dar para esse material, pois o foco de aplicação é para o tratamento do câncer de pele a partir da terapia fotodinâmica, que utiliza o princípio ativo, também chamado de fotossensibilizador para atacar as células cancerígenas”, explica.
De acordo com o doutorando, essas membranas são feitas a partir da quitosana, um polímero natural que é extraído de crustáceos como caranguejos e camarão. E são submetidas à ação de fotossensibilizadores, substâncias sintéticas ou naturais que possuem a capacidade de interagir com a luz e gerar espécies reativas de oxigênio. “Esse biopolímero apresenta alta biocompatibilidade e biodegradabilidade, sendo uma ótima alternativa para a produção dessas membranas”, diz ele, acrescentando que o principal objetivo do estudo é verificar a eficiência do uso dessa membrana com o princípio ativo incorporado na terapia fotodinâmica, além de entender a eficácia desse tratamento frente ao câncer de pele.
Ellison acredita que o desenvolvimento de membranas poliméricas representa uma alternativa promissora para o tratamento da doença, pois elas permitem a liberação controlada e localizada de fármacos. “Isso propicia tratamentos menos invasivos, atenuando efeitos adversos e promovendo maior conforto ao paciente oncológico. A sua produção relativamente simples e de baixo custo pode tornar a terapia mais ível a populações vulneráveis e a regiões com menor infraestrutura de saúde, promovendo maior equidade no o ao cuidado. Além disso, por serem membranas produzidas com materiais biodegradáveis, o projeto reforça o compromisso com a sustentabilidade”, argumenta ele.
Na Espanha
A oportunidade de ir à Espanha surgiu a partir da aprovação do projeto no edital do CNPq e também de uma colaboração já existente entre a professora Patrícia Severino e duas pesquisadoras da UGR: a espanhola Beatriz Clares Naveros e a brasileira Raquel de Melo Barbosa, que têm ampla expertise na área da biotecnologia e também participam do projeto.
Pedro, que é graduado e mestre em Química pela UFS, também está desenvolvendo as pesquisas de sua tese de doutorado na Unit, sobre o desenvolvimento de um fotoprotetor utilizando nanotecnologia. Os trabalhos também vêm sendo feitos parcialmente na UGR, a partir da experiência e dos conhecimentos que vem adquirindo nas pesquisas do projeto da membrana. Para ele, a participação na pesquisa internacional e o próprio doutorado estão contribuindo para ampliar seus horizontes em termos de pesquisa científica.
“A minha formação de base em Química sempre esteve muito focada na compreensão dos processos. No entanto, ao ingressar no doutorado em Biotecnologia Industrial, ei a compreender melhor como aplicar esse conhecimento na prática, algo que tem se intensificado ainda mais aqui em Granada. A Universidade de Granada conta com um centro de investigação avançado, que oferece o a técnicas analíticas mais sofisticadas, o que tem contribuído diretamente para o fortalecimento da produção técnico-científica”, afirma ele.
O projeto conjunto dos pesquisadores da Unit, da UFS e da UGR tem a sua conclusão prevista para abril de 2026.